Paloma Galvão
Visibilidade lésbica, precisamos falar sobre isso
Atualizado: 5 de mai.

Fonte: Pixabay.com
A expressão “dar visibilidade” geralmente é utilizada para trazer à tona questões sobre assuntos ou grupos de pessoas que geralmente não são discutidos, são ignorados, ou deixados à margem. No artigo de hoje, trago a vocês uma reflexão sobre a invisibilidade das mulheres lésbicas e porque precisamos falar sobre isso.
Para falar de visibilidade lésbica, vou citar duas datas importantes sobre o assunto: 19 e 29 de agosto.
Em 19 de agosto de 1983 ocorreu um protesto em um bar de São Paulo onde ativistas lésbicas e feministas se reuniam e distribuíam suas publicações de militância. O dono do bar quis proibir que elas se reunissem e isso causou uma comoção de movimentos que apoiavam a causa, por isso este dia é considerado o Dia do Orgulho Lésbico.
Já em 29 de agosto de 1996, foi realizado o 1º Seminário Nacional de Lésbicas (antigo Senale, atual Senalesbi). Neste evento, que reuniu associações, coletivos, organizações entre outros órgãos ativos na militância lésbica, discutiu-se sobre as violações de direitos humanos que mulheres lésbicas sofrem diariamente.
E que violações seriam essas?
Vivemos em uma sociedade machista que infelizmente vitimiza mulheres lésbicas com violência verbal, psicológica, física, sexual, etc. A essas discriminações damos o nome de lesbofobia. E pelo fato de sofrerem essa agressões diárias, estas mulheres precisam se reunir para compartilhar vivências e definir estratégias de resistência, já que muitos direitos são negados a elas.
Entre as violências mais comuns sofridas pelas lésbicas, temos:
-Fetichizar e tratar o amor entre mulheres como objeto de prazer sexual masculino;
-Profissionais da área da saúde despreparados para atender este público, por exemplo, ginecologistas que não sabem orientar sobre sexo seguro entre mulheres ou pressupõe que elas são heterossexuais;
-Agressões físicas e psicológicas, tanto de estranhos quanto da família, por motivos variados como não aceitação da sexualidade, intolerância, crenças, etc.
-Escutar frases machistas que são repetidas constantemente, como “diz que é lésbica
porque nunca transou com o homem certo”, “quem é o homem da relação?” ou “posso participar ou posso ficar olhando?”
-Estupro corretivo, termo que se refere ao estupro que tenta “corrigir” a sexualidade da mulher lésbica, pois muitas pessoas acreditam que mulheres são lésbicas por falta de terem tido experiências sexuais com homens.
Todas essas violências afetam a saúde mental dessas mulheres, causando grande sofrimento psicológico, não por serem lésbicas, mas pela discriminação e agressões que citei anteriormente, podendo levá-las a quadros de depressão, crises de ansiedade, crises de pânico e até suicídio.
Trazer visibilidade à comunidade lésbica permite que se discutam formas de combater a violência patriarcal e heteronormativa.