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  • Foto do escritorPaloma Galvão

Como desenvolver sua autoestima sendo LGBT em uma sociedade preconceituosa?

Atualizado: 5 de mai.




Essa é uma pergunta interessante, pois não é uma questão simples. Como falar para a pessoa ser mais feliz e não ligar para as críticas, se a todo momento ela está recebendo estímulos negativos?

Vivemos em uma sociedade machista e preconceituosa, e a maioria dos comportamentos sociais são permeados por piadas e comentários que, aparentemente são inofensivos, mas na verdade só reforçam uma mentalidade preconceituosa com o que é diferente, o que é minoria. E esses grupos de pessoas que não correspondem com o que é considerado uma norma na sociedade, são chamados de minorias sociais. Paveltchuk & Borsa (2020 ) explicam em seu artigo que:

"Uma minoria é um grupo que, quando comparado a um grupo privilegiado, apresenta uma série de prejuízos em decorrência do estigma que lhe é associado."

(Stuber, Meyer, & Link, 2008)


E minoria não se trata de quantidade de pessoas, e sim de pessoas que não possuem um lugar de privilégio na sociedade. Uma pessoa branca nunca vai passar por situações que pessoas negras passam, nunca serão tratadas como criminosas na rua. Pessoas heterossexuais nunca passarão por problemas ao demonstrarem afeto em público. Homens nunca serão questionados por serem mais firmes no ambiente de trabalho, mas mulheres serão consideradas grossas e mandonas.

Então como as minorias sociais vão poder viver plenamente se são constantemente julgadas ou até violentadas? Todos os dias, vemos notícias de jovens negros sendo presos por engano, ou sendo confundidos com assaltantes. E as irmãs que estavam se abraçando em um restaurante em João Pessoa e foram expulsas, pois o dono do estabelecimento achou que era um casal lésbico? E mulheres que são violentadas e mortas? Em 2022, no Distrito Federal, tivemos 11 feminicídios em 7 meses, segundo o jornal Metrópoles.



Falando de pessoas LGBTQIAP+(que é o assunto desse texto), segundo Klecius Borges, psicólogo dedicado a atendimentos psicológicos a gays, lésbicas e bissexuais, existe uma homofobia social e cultural, que tem como base a crença de que a homossexualidade ameaça a estrutura patriarcal de nossa sociedade (na qual valores masculinos dominam).


Imagine uma criança que nasce nessa estrutura. Ela cresce sendo ensinada a ser menina ou menino, e, se apresenta uma variação no padrão de comportamento do gênero que lhe foi designado, sofre críticas, punições e abusos (emocionais, físicos e até sexuais). Esse jovem cresce acreditando que seu jeito é errado, sente vergonha, culpa e medo de ser quem é. E acaba procurando formas de “deixar de ser gay”. Mas como desenvolver a autoestima negando quem se é?


Sabemos que a autoestima é a base da autoconfiança, que nos auxilia no enfrentamento dos desafios da vida, e uma forma de reconhecer quais pensamentos e crenças negativas que você tem de si mesme é substituí-las por outras mais saudáveis. Como fazer isso?


Segundo Kimeron N. Hardin (outro psicólogo dedicado ao atendimento psicológico a homossexuais) em seu livro “Autoestima para homossexuais”, sugere que, toda vez que você perceber um pensamento negativo surgindo, tente descrever os sentimentos que surgem. Em seguida, racionalize e considere outras opções de pensamentos, assim você fica mais tranquile. Tente entender porque eles aparecem e dialogue com si mesme. Vou dar um exemplo:

Você conheceu uma pessoa super interessante em uma festa, trocaram telefones e a pessoa prometeu que ia te ligar no dia seguinte. Porém, ela não te liga e você já começa a sentir que foi rejeição, que a pessoa não quer mais te ver, que não gostou tanto assim de você. Os pensamentos negativos invadem sua cabeça automaticamente. Mas você não pensa que a pessoa pode ter esquecido por estar trabalhando muito, ou teve algum imprevisto, não necessariamente foi algo que você

fez, a pessoa pode ter as questões dela.



Quando a autoestima está baixa, tendemos a pensar o pior, principalmente se sofremos amostras diárias de LGBTfobia (piadinhas, comentários, atos de violência, invalidação de nosso gênero e/ou sexualidade, etc). Porém, quando estamos com a autoestima fortalecida, conseguimos nos posicionar melhor e nos afirmar como somos. Não conseguiremos mudar a forma como a sociedade pensa, de uma hora para outra, mas podemos, por exemplo, escolher candidates nas eleições que defendam essas pautas. Talvez não consigamos fazer nossa família nos entender como somos, mas podemos mudar a forma de lidar com eles quando houver uma situação de discriminação. Se isso acontecer, leve o assunto para sua terapia, onde você receberá uma escuta qualificada e um acolhimento do seu sofrimento. Você se sentirá melhor, se conhecerá mais e poderá entender como lidar quando essas situações acontecerem.


Referências:


https://www.metropoles.com/distrito-federal/df-registra-11-feminicidios-em-sete-meses-saiba-quem-sao-as-vitimasdf-registra-10-feminicidios-em-sete-meses-saiba-quem-sao-as-vitimas


Paveltchuk, & Borsa (2020). A teoria do estresse de minoria em lésbicas, gays e bissexuais. SPAGESP - Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo Revista da SPAGESP, 21(2), 41-54


Borges, Klecius (2009). Terapia Afirmativa: uma introdução à psicologia e à psicoterapia dirigida a gays, lésbicas e bissexuais. São Paulo. Edições GLS


Kimeron N. Hardin (2000) Auto-estima para homossexuais. Um guia para o amor próprio. São Paulo. Edições GLS

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